CULTURA X BÔNUS
Por Rodrigo Malfitani
Casos de pagamentos de bônus milionários ou altíssimos para diretores e CEO’s de empresas que depois quebram ou saem do mercado em pouco tempo, tem sido cada vez mais frequentes. Assim como tem sido comum também, vermos diretores com prazo de permanência curto nas empresas. Independente do mérito pelo ganho dos bônus, seja ele de qual valor for, meu objetivo aqui é outro. Fazer uma reflexão sobre o que vale mais no dia a dia das empresas: estimular desempenho por meio de pagamento de bônus, ou criar uma cultura forte e perene?
Já passei por empresas que ofereciam bônus de 5 salários (longe de ser um bônus milionário capaz de mudar o padrão de vida de qualquer pessoa) e as que não ofereciam nada. Já trabalhei em empresas com cultura forte e gente respirando e vivendo seus valores no dia a dia e em empresas onde ninguém nem sabia o que era isso. Era um Deus nos acuda!
Pessoal e particularmente, acho que bônus pode ajudar. Mas nada motiva mais do que cultura forte, equipes alinhadas e com fit cultural com os valores da empresa. Nada dá mais prazer do se sentir parte de algo maior, com objetivos claros e transparentes, que envolva todos: equipe, clientes, fornecedores, investidores e a comunidade em que a empresa está inserida. Mas isso dá trabalho, leva tempo, é preciso paciência e persistência.
Será que uma política agressiva de bônus pode ser mais construtiva e benéfica do que uma cultura forte com políticas de longo prazo? O que pode ajudar mais as empresas a permanecerem por mais tempo no mercado?
Bônus gordos estimulam apenas àqueles que são elegíveis a recebê-los. Mas e o restante dos envolvidos? Também serão premiados pelo bom desempenho da companhia? Na “hora H” ou em uma encruzilhada de decisões difíceis, o que será privilegiado por quem tiver o ônus da decisão: o bônus pessoal ou a cultura de longo prazo e coletiva? Tomemos como exemplo o caso recente das Lojas Americanas que nos últimos anos distribuiu bônus milionários e agora só existe terra arrasada e uma empresa falida.
Claro que bônus e cultura não são excludentes ou andam em caminhos opostos. É possível sim convergir com os dois na mesma direção. Mas tudo depende da forma como essas políticas estão estruturadas e da própria cultura da empresa. Quando o único objetivo da organização é apenas o lucro pelo lucro, dificilmente veremos uma liderança engajada em formar, desenvolver e capacitar novos líderes, criar um ambiente de trabalho saudável e seguro ou desenvolver senso coletivo de pertencimento à sociedade em que estão inseridos. Muito provavelmente se criará um ambiente de competição, onde todos estão dispostos apenas a salvar sua própria pele, como numa luta de sobrevivência na selva.
Já uma cultura forte, promove valores, engaja, forma, proporciona projetos de longo prazo. Nesse ambiente, líderes são mais conscientes de suas responsabilidades. Os objetivos são compartilhados para o bem comum e direção é mais importante que velocidade. Afinal de contas, nossa vida, e a das empresas, é uma maratona, não uma prova de 100 metros rasos.
Num segmento como o Food Service, em que pessoas são tão importantes para o sucesso de toda e qualquer operação, desenvolver e criar culturas fortes é mandatório para que os negócios e marcas se tornem longevos. Só assim criaremos um mercado melhor e mais profissional.
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